Outro dia, eu assistia a um documentário sobre religiões e misticismo ao redor do mundo, no qual mostrava-se pessoas com poderes espirituais impressionantes. Uma dessas pessoas havia profetizado a morte de um político importante e havia ganhado grande proeminência. Então, o repórter lhe perguntou o que ela achava de Jesus. Ela disse, de forma piedosa, que Jesus foi um grande homem e um mestre extraordinário e, se o mundo seguisse os os seus ensinos, ele seria realmente feliz. Não há nada de errado no que essa pessoa disse. Entretanto, se olharmos atentamente, veremos que ela nunca se refere a Jesus como Senhor. Nunca menciona o fato de Ele ser o Filho de Deus, sua morte na cruz ou o seu sangue derramado.
O Senhor indiscutivelmente foi um grande mestre. Mas conhecer os ensinos e até admirá-los não é suficiente. Precisamos reconhecer que Ele é o Senhor. Esse é justamente o motivo por que algumas pessoas não recebem do Senhor. Muitas não o veem como Senhor, mas apenas como mestre, e isso é algo sério.
O Senhor é mais do que um mestre
Existem muitos títulos do Senhor Jesus mencionados nos Evangelhos. O primeiro deles é Senhor, e esse é o título usado por aqueles que receberam milagres. Senhor significa “a autoridade suprema”, aquele sobre quem não existe nenhuma outra autoridade. A palavra grega para Senhor é “Kurios”. Esse também é o título mais frequentemente usado pelos discípulos. Quando Pedro estava afundando no mar, espontaneamente ele gritou: “Senhor, Salva-me!” Mas os fariseus nunca chamaram Jesus de Senhor, e sim de mestre.
Há três palavra traduzidas como mestre nos Evangelhos: “rabi”, “didaskalos” e “epistates”. Nicodemos chamou o Senhor de “rabi”, mas os fariseus o chamavam de “didaskalos”. “Rabi” é mais nobre, pois é um mestre de mestres, mas “didaskalos” significa “professor”, “instrutor”. “Epistates” também é traduzido como “mestre”, mas significa “supervisor” ou “superintendente”. “Didaskalos” é a forma mais inferior de se referir ao Senhor. Essa era a forma como os fariseus o chamavam.
Há uma grande distância entre Senhor e mestre. Quando Nicodemos foi encontrar-se com Jesus, Ele disse: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus”. E o que o Senhor lhe responde? “Se você não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3.1-3). Para muitos, o Senhor é apenas um mestre, mas você não pode receber d’Ele enquanto vê-lo apenas como mestre. Se você quer ver o milagre, precisa vê-lo como autoridade suprema. Ele é Deus feito homem e recebeu toda autoridade no céu e na terra.
Os títulos de si mesmo não são a questão, a questão é que os títulos revelam o nosso coração. Comumente, vejo pessoas se referindo aos pastores apenas pelo nome. Isso me deixa desconfortável. Não porque valorizamos títulos, mas porque revela a falta de respeito e reconhecimento da unção. Quando você deixa de chamar o pastor pelo título, ele continua sendo pastor, sua unção não foi removida, mas você deixa de acessar a unção de Deus que está sobre ele.
A forma como você vê o Senhor é muito importante. Em Nazaré, eles disseram: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs?” (Marcos 6.3). Por causa disso, a Palavra de Deus diz que o Senhor não pôde fazer nenhum milagre no meio deles (Marcos 6.5). A forma como viam o Senhor os impediu de receber os milagres do Senhor.
Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra. (Mateus 8.1-3).
Você só adora alguém se acreditar que ele é Deus. Observe que o Senhor aceitou a adoração. Se Ele não fosse Deus e aceitasse adoração, Ele estaria pecando, mas o Senhor aceitou porque é Deus. E veja como o leproso se dirigiu a ele: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me”. Ele sabia que o Senhor pode, ele estava apenas pensando se o Senhor queria fazer o milagre em sua vida. Mas aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente respondeu: “Eu quero!”
Logo em seguida, o Senhor entra na cidade, e um centurião romano implora chamando-o de “Senhor” (leia Mateus 8.5-6).
Senhor significa autoridade suprema, e aquele centurião sabia o que era autoridade. O Senhor ficou admirado com a sua fé porque ele reconheceu a autoridade suprema de um Senhor.
O milagre depende de reconhecermos o senhorio de Cristo
Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando: Tem compaixão de nós, Filho de Davi! Tendo ele entrado em casa, aproximaram-se os cegos, e Jesus lhes perguntou: Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: Sim, Senhor! Então, lhes tocou os olhos, dizendo: Faça-se-vos conforme a vossa fé. (Mateus 9.27-29).
Veja a forma como aqueles dois cegos chamaram Jesus. Eles disseram “Senhor”. O milagre não pode acontecer na vida de quem vê o Senhor apenas como um mestre. Todos os que receberam milagres chamaram Jesus de “Senhor”.
Os fariseus chamavam Jesus da forma mais inferior de mestre, que é “didaskalos”. Eles faziam assim porque essa palavra pode se referir tanto a um professor verdadeiro quanto a um falso. Era talvez uma forma de ironia. Como você vê Jesus no seu coração? Isso vai determinar o seu milagre.
Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? (Mateus 16.13-15).
Esta é a questão mais importante: o que você diz ser o Senhor Jesus? Vê-lo como Senhor é reconhecer que Ele está acima de todo principado, enfermidade e problemas de toda natureza. Ele é supremo em autoridade.
O título Senhor é o que foi usado mais frequentemente pelos discípulos. Em Lucas 11.1, eles pediram: “Senhor, ensina-nos a orar”. Eles não pediram a um mestre para os ensinar, mas ao Senhor. À medida que você recebe a palavra e participa de cada culto, minha oração é que a sua revelação do Senhor se torne cada vez maior e mais forte.
Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra. E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens. (Mateus 22.15-16).
Tanto os fariseus como os saduceus e os escribas chamam o Senhor de mestre ou “didaskalos” (Mateus 22.16,24,36). Eles não reconheceram que o Senhor é o caminho, mas que ensinava o caminho de Deus. Jesus disse que Ele é o caminho, e não um dos muitos. Diziam que o Senhor ensinava de acordo com a verdade, mas o Senhor disse: “Eu sou a verdade”.
Há aqueles que gostam de dizer que Jesus era um bom homem. Mas, se você não acredita no que Ele disse, você de fato o considera um mentiroso, então não pode chamá-lo de bom homem.
Se existem outros caminhos que levam a Deus, então a morte do Senhor na cruz foi a coisa mais inútil e tola do universo. O Senhor só foi para o Gólgota porque não há outro meio de salvação que não seja pelo sangue da cruz.
A fé vem pelo senhorio
E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai-se secando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo. E trouxeram-lho; e, quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência; e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, espumando. E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade. (Marcos 9.17-24 — ARC).
Observe que o pai daquele menino inicialmente chama Jesus de mestre. O leproso sabia que o Senhor podia, ele apenas não tinha certeza de que o Senhor queria, mas esse homem só consegue ver o Senhor como um mestre. Ele disse: “Se tu podes alguma coisa”. Se você vê o Senhor apenas como mestre, você não pode receber o milagre.
Mas o Senhor lhe responde: “Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê”. Muitos ensinam simplesmente que tudo é possível para aquele que crê, mas não foi isso que o Senhor disse. O que Ele disse foi: “Você consegue crer que tudo é possível ao que que crê?” O Senhor é esse que crê. Não é a nossa fé, mas a fé d’Ele. Eu vivo pela fé do Filho de Deus (Gálatas 2.20). Se você crê naquele que nunca duvida, que tem a fé perfeita, então tudo é possível.
Observe que, depois disso, a resposta do homem mudou completamente. Ele disse: “Eu creio, Senhor!” Ele reconheceu que Jesus é o Senhor, e não apenas um mestre. Quando ele reconheceu, o milagre aconteceu.
Um bom mestre não pode salvá-lo
E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude. E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me. Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades. (Marcos 10.17-22).
O homem chegou perguntando o que fazer para ser salvo. As pessoas sempre perguntam o que fazer, mas a Palavra de Deus diz que precisamos crer, e não fazer.
O homem chama o Senhor de bom mestre. Mais uma vez, vemos que conhecer o Senhor como mestre não é suficiente. Diante disso, o Senhor lhe responde: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus”. Em outras palavras: “Será que você reconhece que eu sou Deus? Ou está apenas bajulando?” O Senhor não disse que Ele próprio não era bom, disse que só Deus é bom. Ele estava dando a dica para aquele homem receber a bênção. O Senhor aceitava adoração. Ele se revelou como o Messias para a mulher samaritana (João 4.26) e para o cego (João 9.35-38). Ele é o Senhor e Ele é bom, porque Ele é Deus, e só Deus é bom.
Se você ler o Evangelho, verá que Judas nunca chamou Jesus de Senhor, nem uma única vez.
O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido! Então, Judas, que o traía, perguntou: Acaso, sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste. (Mateus 26.21-25).
Os discípulos todos se referem a Jesus como Senhor, mas, quando chega a vez de Judas, ele diz mestre. Ele nunca viu Jesus como autoridade suprema, por isso satanás tomou espaço na vida dele. A maneira como ele se dirigiu ao Senhor revelou o seu coração.
No fim, Judas se referiu novamente ao Senhor como mestre (Mateus 26.47-49). Evidentemente, Jesus foi o maior mestre, mas saber que Ele é mestre não pode salvá-lo, é preciso reconhecê-lo como Senhor.
Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes. Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique. Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador. (Lucas 5.4-8).
Enquanto Pedro estava incrédulo, ele chama o Senhor de mestre; mas, quando ele vê a pesca maravilhosa, sua atitude muda completamente e ele reconhece Jesus como Senhor. A bondade de Deus o levou a mudar o conceito que ele tinha do Senhor Jesus.
Reconheça-o como Senhor
Há aqueles que dizem: “Se Ele não é o Senhor de tudo, Ele não é o Senhor de forma alguma”. Esse tipo de afirmação é muito perigosa. O que essas pessoas querem dizer é que alguém somente pode ser salvo se Jesus for o Senhor de cada área da sua vida de forma prática. Nós todos estamos no processo de deixar o Senhor ter o controle de todas as áreas de nossa vida. Mas nós não somos salvos porque obedecemos, e sim porque confessamos Jesus como Senhor por fé. Toda essa afirmação parece muito correta, mas o que na verdade estão dizendo é que precisamos ter cada área de nossa vida ajustada antes de podermos ser salvos. Isso não está na Palavra de Deus. O ladrão na cruz apenas pediu: “Senhor, lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. O Senhor não lhe respondeu que ele deveria primeiro fazer algo, mas afirmou que estaria com ele no paraíso. Veja que ele apenas reconheceu que Jesus é o Senhor (Lucas 23.42 — ARC).
Confesse que Ele é o Senhor
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. (Mateus 7.21-23).
Uma chave para entender esse texto é perceber que o Senhor está falando de algo que vai acontecer naquele dia. Que dia é esse? O dia do julgamento. Ficamos surpresos de eles chamarem Jesus de Senhor, mas naquele dia todos terão de abrir a boca e confessar que ele é o Senhor (Filipenses 2.11). Todo homem terá de reconhecer que Ele é o Senhor. Mas confessar isso naquele dia não vai ajudar você.
Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Romanos 10.9).
Para sermos salvos hoje, precisamos apenas confessar com a nossa boca e crer com o coração que Jesus é o Senhor. Mas muitos infelizmente dirão somente naquele dia, quando será tarde demais.
Essas pessoas disseram que fizeram muitas coisas no nome do Senhor, mas foram elas que disseram, e não o Senhor.
Sabemos que um cristão pode cair em pecado, mas um cristão verdadeiro não vive na prática do pecado, e essas pessoas tinham a prática da iniquidade.
O Senhor disse que não basta dizer Senhor, Senhor, mas precisa fazer a vontade do Pai. E qual é a vontade do Pai? A vontade do Pai é que creiamos no nome do Filho de Deus.