Paulo tinha um espinho na carne que não era uma doença em seu corpo, mas era um “mensageiro de Satanás”, ou seja, um “anjo de Satanás”, que o atacava. Onde quer que Paulo fosse, esse “mensageiro” agitava a multidão. Paulo pregou a mensagem da graça e teve problemas, especialmente com aqueles que acreditavam que a lei era a maneira pela qual alguém poderia ser justificado — era preciso guardar a lei para ser abençoado e para ser santo.
Portanto, esse judeu legalista era uma pessoa que perseguiu Paulo em quase todas as cidades. O maior problema de Paulo era esse indivíduo. E as multidões, na verdade, nem perceberam que ele era um mensageiro de Satanás que as estava incitando a ir contra Paulo.
Então, Paulo orou ao Senhor e disse: “Esse anjo de Satanás é como um espinho na carne que me segue aonde quer que eu vá. Deus, faça algo a respeito!” E o Senhor respondeu, em 2 Coríntios 12.9: “Então, ele me disse: A minha graça te basta […]”. Em outras palavras, a graça de Deus é tudo o que você precisa.
Apesar dos problemas, apesar da natureza dos desafios que você enfrenta, pode ser uma doença, um conflito na família, um adolescente rebelde, algo que o deixa acordado à noite, uma preocupação ou um transtorno, estou aqui para lhe dizer que a resposta é sempre a mesma: “A minha graça te basta”.
Em seguida, o Senhor disse algo muito profundo: “[…] porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (grifo nosso).
A palavra “poder” aqui em grego é “dynamis”, que significa o poder miraculoso de Deus. Sempre que o Novo Testamento fala de milagres, o termo usado é “dynamis”. Por exemplo, em Atos 19.11, lemos: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários”. E, em Marcos 6.5, diz que o Senhor “não pôde fazer ali nenhum milagre”. Os termos “milagres” e “obra poderosa” são ambos traduzidos como “dynamis” em grego.
Encontramos a mesma palavra em 2 Coríntios 12.9: “A minha graça te basta, porque o meu poder [para operar milagres] se aperfeiçoa na fraqueza”.
Onde não há fraqueza, o poder e a graça de Deus não podem fluir
A graça não é atraída pela sua força, mas pela sua fraqueza. Pare de tentar ser forte em si mesmo!
Aos homens apresentamos o nosso melhor, mas com Deus você mostra o seu pior. Diga a Ele: “Este é quem eu sou. Tenho esse nervosismo; tenho essa tendência de me preocupar; tenho essa tendência de ficar doente”. Seja o que for, não se esconda de Deus, mas vá até Ele como você é. E saiba que o seu poder milagroso prova ser perfeito (completo) fluindo e se completando como a água através do cano em sua fraqueza, e não em sua força. Receba essa revelação.
Não há nada do que se orgulhar. Você não pode se orgulhar de nada, só de suas fraquezas!
Se fosse algo que vem da sua força natural, então você poderia se orgulhar daquilo, é por isso que Paulo diz no mesmo versículo: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2 Coríntios 12.9). Isso é algo muito profundo.
“De boa vontade” é uma única palavra em grego, que significa “gabar-se”. Do que Paulo preferia se gabar?
As pessoas se gabam quando encontram um amigo, querem que saibam que seu filho fez isso ou aquilo. A gente se gaba e não há nada de errado nisso, contanto que façamos isso com elegância.
Como o Senhor confortou os seus discípulos quando eles estavam trancados com medo? Ele entrou no cenáculo com o seu corpo ressuscitado e disse: “Paz!”
Mas isso não foi o suficiente, Ele tinha que mostrar-lhes as suas feridas, as suas cicatrizes — era como se lhes dissesse: “Eu sou um de vocês, eu também sofri”.
Quero saber se você vive o que eu vivo, antes de poder ministrar para mim. Quero saber se você tem os mesmos problemas que eu.
Se uma mulher perdeu um filho e um ministro vem e lhe conta todos os versículos sobre o céu, a mulher não encontra conforto. Se outra pessoa vem visitá-la e lhe diz algo do mesmo tipo, ela ainda não encontra conforto. Por fim, chega uma mulher, que também perdeu o filho anteriormente, e chora junto com ela. Mais tarde, a mulher que recentemente perdeu o filho dirá que, de todas as pessoas, foi apenas aquela mulher que ministrou a ela.
No plano de Deus, é da nossa fraqueza que devemos nos orgulhar. Mas qual é o seu ponto fraco?
Paulo disse que se gloriava nas fraquezas. A palavra “fraquezas” em grego significa “estar sem força, incapaz” — há uma incapacidade em determinada área. E o que Paulo diz é muito profundo: “Por isso tenho prazer nas fraquezas, nas injúrias [ou seja, quando as pessoas me insultam, quando falam mal de mim]” (2 Coríntios 12.10).
Então, uma coisa é suportar essas circunstâncias negativas, outra é realmente aproveitá-las! Chegamos a esse ponto?
Por que Paulo disse isso? Assim como a revelação de que “onde abundou o pecado, abundou a graça” (Romanos 5.20), Paulo teve uma revelação de que, nas áreas do “sinal negativo”, o “sinal positivo” de Deus pode se manifestar.
O poder dentro e o poder sobre
No fim do versículo 9, Paulo diz que o poder de Deus repousa sobre ele. Nem todos têm o poder de Cristo sobre eles. Temos Cristo em nós, temos o Espírito dentro de nós, mas o Espírito sobre nós vem para fazermos um trabalho para Deus. Cada vez que alguém ora pelos enfermos, prega ou faz alguma outra coisa e vemos os resultados, é porque o Espírito de Deus veio sobre aquele ministro. O Espírito “sobre” não habita, mas vem e vai. Diferentemente disso, o Espírito “dentro” nos guia todos os dias, está sempre presente.
Aqui estamos falando do Espírito “sobre”, quando me alegro nas minhas fraquezas, o poder de Cristo coloca uma tenda sobre mim. E a tenda é o tabernáculo, ou seja, o local de proteção divina. Não importa o que aconteça ao meu redor, estou verdadeiramente debaixo do tabernáculo quando me alegro com as minhas fraquezas.
Quando alguém me insulta, quando fala mal de mim pelas costas e eu me alegro nisso, o poder de Cristo vem sobre mim e esse insulto, essa ofensa, não pode me ferir.
Você precisa se tornar radical em relação a essas coisas. A graça será abundante nas perseguições, nas aflições por amor de Cristo, quando estou fraco, então sou forte!
O que é o verdadeiro crescimento?
O que é o crescimento espiritual? As pessoas pensam que, à medida que você cresce no Senhor, você fica cada vez mais forte, e mais forte, e mais forte, até você ter uma fé que não vacila. Então, você sente a energia espiritual da fé no seu coração, seus “músculos espirituais” são claramente visíveis.
Achamos que é disso que se trata o crescimento. Mas, na realidade, o crescimento é quando você vê cada vez mais os seus defeitos, quando você vê cada vez mais os seus limites.
Quando isso acontece, você vê cada vez mais o favor de Deus nessas áreas, você vê cada vez mais a bondade de Deus.
Assim, embora você esteja cada vez mais consciente de suas fraquezas, você também está mais consciente de Jesus e de sua presença maravilhosa em sua vida. Você está mais consciente do fato de que você depende d’Ele. Você está mais consciente da providência do Senhor vindo em sua direção! Esse é um crescimento real!
Não se trata apenas de coisas positivas, mas também de ter uma maior consciência das suas fraquezas. Por exemplo, mesmo que você seja cristão há quinze ou vinte anos, você percebe que ainda tem certos pensamentos, certos defeitos. Isso é crescimento. Essas coisas sempre estiveram lá, mas você não podia vê-las antes. Agora você as vê porque cresceu.
Mas não fique na dor da negatividade, passe para a parte positiva. Por que você está ciente de todas essas suas fraquezas? Para confiar cada vez mais em Cristo, confiar cada vez mais n’Ele, confessando: “Eu sou a justiça de Deus em Cristo!”
É por isso que esta confissão (“Eu sou a justiça de Deus em Cristo”) nunca tem a ver com você na carne, mas diz respeito a quem você é aos olhos do Senhor!
Alguns têm essa ideia de que, quando aprendemos sobre a fé, nos tornamos pessoas que não têm fraquezas; pensamos que essa é a nossa nova identidade. Mas nós ainda temos a carne.
Por que Deus nos deixou com carne? Na verdade, Ele poderia ter feito com que não tivéssemos mais carne, pelo menos teríamos menos problemas. Mas Deus nos deixou com a carne! Por quê? A carne está sempre lá para nos lembrar de que precisamos d’Ele! Um dia não teremos mais carne, mas teremos um corpo glorificado.
Você anula a graça de Deus ao confiar em sua própria força
Quando Deus pede que você mostre a Ele suas fraquezas, você diz: “Esta é a minha força, Deus!” Você está anulando a sua graça. Ele quer manifestar a sua graça!
Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão. (Gálatas 2.21).
Muitas pessoas que argumentam contra esse ensino da graça tentam dizer: “Você está dizendo às pessoas que elas não precisam ser santas e ainda podem pecar; elas não precisam observar a lei”.
Algumas pessoas chegam a essa conclusão porque ainda pensam que a justiça, a posição correta diante de Deus, é alcançada através da obediência aos mandamentos.
Paulo estava dizendo que, se a justiça fosse alcançada através da lei, Cristo teria morrido em vão!
Como podemos acreditar na verdade que liberta, na verdade que santifica e levar um estilo de vida dissoluto? Acreditar corretamente produz uma vida correta!
Jesus orou: “Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Se você acredita na verdade, não pode viver uma vida dissoluta! O problema, porém, está bem aqui: o diabo ataca essa verdade e faz as pessoas pensarem que aqueles que ensinam essas coisas dão às pessoas uma licença para pecar.
Mas a Bíblia realmente diz que “a força do pecado é a lei” (1 Coríntios 15.56). Ela nunca diz que a força do pecado é a graça. Também está escrito: “O pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Romanos 6:14).
Lamentavelmente, as pessoas acreditam que a justiça vem da lei. Se você acredita nisso, está efetivamente dizendo que Cristo morreu em vão: não havia necessidade de Ele morrer se alguém pudesse se tornar santo guardando a lei. Cristo morreu em vão no que lhe diz respeito. E, fazendo assim, você está anulando a graça de Deus.
Em Gálatas 2.21, o verbo “anular” em grego também significa “cancelar, descartar, deixar de lado, negligenciar”, ou “frustrar, rejeitar, recusar, desdenhar”.
Não é o pecado que anula a graça de Deus. O pecado é errado, mas, quando Paulo fala sobre isso, ele não escreve: “Eu anulo a graça de Deus se ainda vivo no pecado. Se vivo no pecado, então Cristo morreu em vão”. Todos sabemos que o pecado é errado, mas esse não foi o argumento de Paulo.
Pessoas que confiam em sua própria força estão, na verdade, anulando a graça de Deus. Pessoas que tentam fazer tantas coisas através de seus próprios esforços e desprezam outras pessoas estão anulando a graça de Deus em sua vida.
E, quando você anula a graça de Deus em determinada área da sua vida, nessa mesma área não há manifestação, não há nada fluindo.
A graça é atraída pela nossa fraqueza
Nosso maior problema não é o excesso de fraqueza, mas muita força. Já ouvi todo tipo de sermão sobre Jacó e como temos que lutar com Deus porque então Ele nos dirá: “Ei, você é um grande lutador! Vou mudar o seu nome!”
O homem que lutou com Jacó era uma aparência pré-encarnada de Jesus. Eventualmente, o Senhor deslocou a articulação do quadril. Por mais fortes que fossem os ossos de Jacó, Ele os quebrou. Você não pode lutar com Deus! Não importa qual campeão consiga lutar com Deus, Ele só precisa usar um dedo e esse campeão será derrubado.
O surpreendente é isto: quando Jacó estava fraco, o Senhor não pôde partir; quando estava desamparado, ele se agarrou em Deus e Deus não podia ir embora! Quando ele estava desamparado, o Senhor mudou o seu nome: “O seu nome não será mais Jacó [o suplantador], mas Israel [príncipe], porque lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gênesis 32:28).
Como Jacó venceu? Não com sua força! Através de sua força, mesmo lutando, ele não conseguiu vencer. Ele venceu com sua fraqueza!
Se você disser: “Eu sou um pecador!”, o Senhor dirá: “Eu sou o Salvador!”
Se você disser: “Eu sou justo!”, Deus dirá: “Então você não precisa de mim. Eu não vim chamar os justos. Vim chamar os pecadores”.
Se você é um pecador, você se qualifica! O Senhor lhe diz: “Estou aqui para ajudá-lo!”
O amor se torna dor quando a pessoa amada se recusa a permitir que quem a ama derrame sobre ela o seu amor.
Se o seu filho se recusa a deixar você ajudá-lo quando você sabe que ele tem meios e recursos, se o seu filho tem dificuldades, sofre, mas se recusa a deixar você ajudá-lo e continua lutando, isso machuca você, porque o amor quer ver o seu ente querido livre de sofrimento!
Portanto, o amor é dor quando você não permite que Ele ame. E o Senhor diz: “Você tem alguma fraqueza? Deixe-me fluir através de suas fraquezas. Confie em mim”.